06/11/2015 às 10h26min - Atualizada em 06/11/2015 às 10h26min

Ex-interventores da Santa Casa concedem entrevista ao Jornal da Economia

Da Redação: Rafael Barbosa/Carlos Mello - Foto: Rafael Barbosa
Da Redação: Rafael Barbosa/Carlos Mello - Foto: Rafael Barbosa

Os ex-interventores da Santa Casa de São Roque, Jorge Haddad e Sidney Muniz, compareceram a redação do Jornal da Economia, para falar sobre suas passagens pela Irmandade e as diversas acusações feitas a eles não apenas pela administração municipal, mas também pela antiga diretoria da Santa Casa, afastada após a intervenção.

A entrevista se iniciou com uma pergunta simples. Houve negligencia por parte deles durante  atuação na  Santa Casa com relação à verba utilizada no hospital? Em resposta a esta pergunta Sidney afirma que quando foram convidados a comporem a equipe de intervenção o objetivo a ser alcançado era muito simples: recuperar a Santa Casa, que se encontrava debilitada e passando por uma crise com relação a prestação de contas, correndo o risco de ter o serviço paralisado.

Com base nisso foi feito um projeto de reestruturação do hospital e que foi seguido ao longo dos 15 meses de intervenção, ao qual estiveram à frente. Entretanto com o corte abrupto de verba destinada pela prefeitura este trabalho não pode continuar.  “Um dia antes do repasse, nos foi dito que, o orçamento havia sido cumprido e que não haveria verba a ser repassada. Diante desta situação, nossa decisão foi a saída da Santa Casa, pois não poderíamos ser coniventes com isso”, afirma Sidney.

Com relação a acusação de que os interventores teriam adiantado repasses da prefeitura, deixando o hospital sem verba para o final de ano. Jorge se defende afirmando que todo o trabalho feito por eles está documentado e mostra que foi feito dentro dos padrões estabelecidos previamente, caso contrario, o erro seria percebido pelo Diretor e a Auditora de Saúde Municipal teriam descoberto já que todos os comprovantes de gastos eram apresentados a administração municipal periodicamente.

“Chegaram a falar que nossa calculadora é diferente da que eles usam. Talvez seja, afinal nossa calculadora é “científica”, de profissionais que trabalham com direção e metas, enquanto eles devem utilizar uma máquina “simples”, e por isso não conseguem fechar as contas”, completa Jorge.

Uma acusação vindo da antiga Diretoria da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, expressa em uma nota enviada a nossa redação, diz que Sidney e Jorge teriam mentido com relação a dívida existente na Santa Casa. Ao questionarmos sobre esta situação, os interventores afirmam que todas as informações sobre as pendências da Santa Casa foram enviadas ao Ministério Público, que as analisa neste momento. O órgão teria pedido uma auditoria mais detalhada sobre a situação da Santa Casa, procedimento que estaria ocorrendo neste momento e que deve ser entregue no mês de novembro. “Há dois meses esta auditoria já conta mais de R$ 10 milhões em desvios da Santa Casa”, diz Sidney ao rebater a acusação. 

 

Seguindo com o assunto finanças, é notório que não houve um balanço divulgado sobre o ano fiscal da Santa Casa, porém segundo os interventores, o balanço de 2014 foi entregue a Prefeitura, assim como toda a documentação essencial para a Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS).  A publicação deste balanço seria uma decisão que caberia a administração municipal.

O estacionamento também é um dos fatores que geraram polêmica, já que após deixar de ser gerido pelo hospital, o que poderia gerar problemas já que a Santa Casa é uma entidade filantrópica e não poderia cobrar diretamente por alguns serviços.  Jorge afirma que o contrato com a empresa que geria as vagas, fixado em 2009, estava defasado e que com a mudança, o hospital pode angariar recursos sem problemas, já que a contribuição passou a ser beneficente, onde a pessoa escolhia se queria contribuir, fato que estaria impresso no ticket de estacionamento.  “Passamos a receber de R$500 reais para algo em torno de R$30 mil, uma receita bem vinda a Santa Casa”, completa.

Falando da crise que se abate sobre o hospital, Sidney fala que ela vai além do lado financeiro, já que o que teria deflagrado a greve dos médicos e a insatisfação de alguns funcionários foi uma crise de confiança com a atual gestão, por conta da dicotomia entre o discurso dado anteriormente do próprio Prefeito, da atual intervenção e do Diretor de Saúde. Se antes o pagamento de salários parecia resolvida agora se fala em atrasos e possíveis demissões, o que teria prejudicado o andamento dos trabalhos e a desconfiança dos funcionários.  “Fala-se hoje no fechamento de alguns serviços, como o laboratório, que foi dito pelo próprio prefeito como um avanço para a Santa Casa. Os boatos de fechamento de trabalhos que agregam valor a Irmandade também acarretam estes problemas”, afirma Sidney.

Falsos médicos

Recentemente, em entrevista ao um telejornal regional, a delegada de Mairinque, Dra. Fernanda Ueda, afirmou que Sidney e Jorge seriam indiciados no caso dos falsos médicos, pois provas afirmam que eles também saberiam que contratavam profissionais não credenciados para exercerem a medicina.

Sidney afirma que recebeu a informação com surpresa e que até o fechamento desta edição do JE este inquérito sobre o caso ainda não havia sido entregue a Justiça e que assim, neste momento ele e Jorge não fariam oficialmente parte dos indiciados.  “A delegada tomou como uma possível participação nossa apenas baseada em testemunhos. Relatos de pessoas ligadas à antiga provedoria, a mesma que está sendo processada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil por conta de desvios na instituição, que já citamos e estariam na casa dos R$10 milhões”, completa.

Em breve o JE vai disponibilizar a entrevista em vídeo  no portal de notícias www.jeonline.com.br

 


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