09/10/2015 às 10h21min - Atualizada em 09/10/2015 às 10h21min

Entendendo os transtornos de aprendizagem na infância

Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: Reprodução/Internet
Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: Reprodução/Internet

Toda criança tem mais dificuldade para aprender uma ou outra matéria na escola. Para alguns, os números introduzidos na matemática são um universo complexo de ser explorado, enquanto para outros, os fatos históricos ou naturais apresentados na história e na geografia podem parecer desinteressante ou difíceis de serem compreendidos. Porém o que acontece quando está dificuldade não esta ligada apenas ao desinteresse ou falta de compreensão? 

De acordo com o código internacional de doenças (CID 10), os transtornos de aprendizagem são transtornos que afetam o aprendizado de habilidades ou conhecimento no seu estágio inicial, devido a uma anomalia no processo cognitivo da pessoa. Isto quer dizer que a criança que tenha este distúrbio tem dificuldade em aprender devido a algum tipo de disfunção biológica que a impede de assimilar o conhecimento tão rapidamente quanto as outras pessoas, o que pode gerar problemas não apenas na infância, mas na vida. “Os transtornos quando não diagnosticados podem trazer conseqüências muito negativas, que se estendem desde o prejuízo no desempenho escolar, até nas relações sociais e familiares, baixa auto-estima, sentimento de fracasso, vergonha, timidez, entre outros”, afirma a Profa. Dra. Edyleine Bellini Peroni Benczik, Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP).

 

Segundo dados divulgados pela revista Época, em matéria sobre o assunto, pesquisadores estimam que de 40% a 42% dos alunos nas séries iniciais tenham dificuldades para aprender e, dentre eles, apenas 4% a 6% têm transtornos de origem neurobiológica.

A ciência ainda luta para entender plenamente estas perturbações, já que estudos sobre aprendizagem são um campo recente no meio acadêmico, pois mesmo que venham sendo estudados desde o século passado, estes só ganharam mais espaço a partir das décadas de 1950 e 1970. As pesquisas científicas sobre transtornos de aprendizagem começaram a ganhar relevância a partir da década de 1980 e embora ainda não existam testes padronizados mundialmente para diagnosticar estes transtornos, a cada dia o campo da psicologia avança e encontra referncias importantes que ajudam a identificar e tratar os seus sintomas.

Os transtornos mais conhecidos são a dislexia e o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem Hiperatividade (TDA). Os disléxicos têm dificuldade para identificar as letras com precisão e velocidade e para formar as sílabas. Embora não tratados necessariamente como transtornos de aprendizagem, o TDAH e TODA afetam a atenção e a concentração da criança e por isso geral dificuldades no aprendizado.

Entretanto, apenas um profissional capacitado poderá realmente dizer se uma criança tem um transtorno biológico que o impeça de aprender, já que problemas na grade de ensino escolar e professores pouco capacitados, também podem ser causas na dificuldade de aprendizado dos alunos. Os pais devem estar atentos as dificuldades de seu filho na escola, de forma a identificarem indícios do problema mais facilmente. “Os pais devem observar se a criança está indo mal na escola, e o primeiro passo é conversar com os professores, para saber se os problemas de aprendizado são pontuais ou já persistem há algum tempo”, afirma Edilene.

 

Ao encaminhar a criança para um Psicopedagogo, o profissional irá avaliar as necessidades do infante. Segundo Edilene não existe medicação para tratar os transtornos de aprendizagem, mas há sim os especialistas como pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, que acompanham estas crianças, estabelecendo a estratégia de aprendizagem adequada de como a criança aprende melhor, de acordo com cada caso. O trabalho pode ser longo, mas trará diversos benefícios a criança, principalmente em sua vida futura. “Quando a pessoa se sente capaz como as outras para aprender, ela consegue recuperar a auto-estima, a sua auto-imagem e o reconhecimento dos familiares e do meio social do qual faz parte. A busca pelo tratamento é um fator protetor para saúde mental e garantia de futuras aprendizagens”, finaliza a psicóloga.

 


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