01/09/2015 às 09h53min - Atualizada em 01/09/2015 às 09h53min

Conheça os prós e contras do uso de hormônios masculinos pelas mulheres

Texto: Assessoria de Imprensa - Foto: Reprodução/Internet
Texto: Assessoria de Imprensa - Foto: Reprodução/Internet

A promessa é tentadora: menos gordura corporal, músculos mais volumosos e definidos, celulite praticamente inexistente, estrias atenuadas e libido nas alturas. Segundo as simpatizantes do hormônio masculino chamado Testosterona, basta fazer uso dele para a vida melhorar.

Produzido nos testículos e nas glândulas suprarrenais, esse hormônio é responsável por todas as características sexuais dos homens – aparecimento de pelos, aumento do volume de músculos, engrossamento da voz e utilização da gordura do corpo. Está ainda ligado à libido, à agressividade e à disposição. A substância também é produzida nas mulheres, nas glândulas suprarrenais e no ovário, mas em uma quantidade 30 vezes menor.

Apesar dos supostos “benefícios”, os médicos discordam do uso indiscriminado da testosterona pelas mulheres. “Esse hormônio gera perigosos efeitos colaterais que são muito mais importantes do que os possíveis resultados benéficos”, acrescenta a Dra. Yolanda Schrank, endocrinologista que integra o corpo clínico do Delboni Medicina Diagnóstica. A lista de reações adversas provocadas no corpo feminino pelo uso sem indicação da testosterona é assustadora. “Entre elas, destacam-se o aparecimento de acne; o aumento dos pelos; o crescimento do clitóris; queda de cabelo, podendo resultar em calvície de padrão masculino; retenção hídrica que provoca inchaço e alterações no comportamento, o que costuma deixar a pessoa mais agressiva”, explica Yolanda. Segundo ela, o pomo de adão, conhecido como gogó, também cresce e resulta no engrossamento da voz.

Se a dose for muito elevada ou o tempo de uso se prolongar, o quadro fica ainda mais complicado. “Pode ocorrer aumento dos glóbulos vermelhos e de fatores de coagulação do sangue, o que eleva o risco de trombose venosa. Além disso, pacientes em uso de testosterona, principalmente no caso de formulações de uso oral, apresentam perfil lipídico mais aterogênico, com diminuição do bom colesterol (HDL) e aumento do mau colesterol (LDL), e maior risco de desenvolver hepatite e tumores benignos e  malignos do fígado”, enumera a especialista, que lembra também que há efeitos relacionados à parte ortopédica. “A substância deixa os músculos maiores e mais fortes, mas não tem a mesma ação sobre os tendões, que podem não aguentar o peso”, diz.

Por isso, os médicos alertam as usuárias de que, quanto antes o organismo parar de receber a testosterona, melhor. Se o tempo de ingestão for curto, há mais chance de os efeitos colaterais regredirem. Porém, quem demora a se dar conta do estrago fica suscetível a outros tipos de problema. “Ele não provoca dependência química, mas psicológica, o que pode estar ligado à vigorexia, síndrome em que a pessoa tem uma preocupação exagerada com o corpo ideal, com a distorção de sua imagem, de modo que se enxerga sempre muito magra e fraca mesmo quando está musculosa”, esclarece a médica.

Não restam dúvidas de que lançar mão do hormônio sem orientação médica é uma furada, mas será que existe uma maneira correta de usá-lo? Para Yolanda, se for com objetivos estéticos, não. No entanto, um profissional pode, sim, receitar o hormônio, como no caso de mulheres que apresentam a chamada síndrome da insuficiência androgênica, muito comum após a menopausa, que se manifesta clinicamente com a diminuição da função sexual e do bem-estar, fadiga, emagrecimento, instabilidade vasomotora, alterações na composição corporal e perda de massa óssea, sintomas que podem ser atribuíveis a diferentes etiologias, muitas vezes dificultando o reconhecimento do diagnóstico.

Uma prova terapêutica com reposição de testosterona pode ser útil, devendo o hormônio, entretanto, ser suspenso caso não haja melhora dos sintomas após seis meses de uso. Vale ressaltar que não existem ainda estudos de longo prazo que mostrem a segurança da reposição por mais de 24 meses. A avaliação da função hepática e dos lipídios é recomendada em todas as mulheres candidatas à reposição de testosterona, bem como a dosagem da testosterona no sangue durante o período do uso, no intuito de evitar excessos na dose. Lembramos ainda que a via de reposição transdérmica (cremes, adesivos, gel) deve ser preferida à via oral, já que apresenta menos efeitos adversos. Por fim, toda mulher em uso de reposição hormonal, seja feminina ou masculina, deve ser submetida a uma avaliação individualizada, e seu uso não é recomendado em pacientes com câncer de mama ou endométrio, doença cardiovascular e doença hepática.


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