16/07/2015 às 19h18min - Atualizada em 16/07/2015 às 19h18min

Quadrilha de falsos médicos é descoberta e dois são presos

Da Redação: Rafael Barbosa/Alan Vianni - Foto: Reprodução Internet
Da Redação: Rafael Barbosa/Alan Vianni -

 

A mulher que se passava como Cibele Lemos e Silva, investigada pela Polícia Civil de Mairinque por prestar atendimento à pacientes em diversos hospitais da região utilizando-se do registro profissional de outra pessoa, não era a única falsa médica a prestar atendimento na região.

Pelo menos mais dois supostos falsários foram identificados e presos pelas autoridades e atualmente se encontram detidos na Delegacia de Mairinque. Fontes do jornal nos informaram que os presos são um homem e uma mulher que se passavam pelos médicos Pablo Vinício Tomaz e Natalia Mejias de Oliveira. De posse dos nomes e das fotos dos acusados, que também prestaram atendimento na área destinada ao SUS na Santa Casa de São Roque nossa redação realizou uma pesquisa no site do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e constatou que as fotos dos falsários não correspondem as fotos dos médicos cadastrados no site.

Segundo a Polícia Civil de Mairinque, os nomes verdadeiros dos dois falsários já foram identificados pelas autoridades, assim como o nome de Cibele, que ainda não foi  capturada. A falsa médica foragida foi a responsável pela descoberta da quadrilha, quando foi identificada ao deixar o plantão da unidade de saúde de Alumínio, no último sábado, dia 11, sem dar justificativas. Quando a prefeitura da cidade decidiu consultar o Conselho Regional de Medicina (CRM) para tomar uma atitude administrativa contra a profissional pela infração, foi descoberta a fraude. "Foi quando vimos que a foto dela não condizia com a pessoa que trabalhava no PA. Pedimos para ela provar e ela afirmou que tinha os documentos da residência médica. A mulher foi com um responsável pelo PA até o local em que ela estava hospedada, mas ela fugiu enquanto manobrava o carro", afirma o diretor do pronto-atendimento, Rafael Leles, em depoimento ao G1. A mulher fugiu após ser descoberta e ainda não foi encontrada.

Descoberta da quadrilha

Após a descoberta da identidade falsa de Cibele, a mulher que já havia atendido pacientes por toda a região começou a ser investigada, assim como as pessoas ligadas a ela de alguma forma. Em entrevista ao Jornal da Economia os interventores da Santa Casa, Sidney Muniz e Jorge Haddad informaram que o hospital tomou conhecimento da fraude pelo Pronto Atendimento de Alumínio, que entrou em contato com a Santa Casa e, após realizar uma consulta junto ao CREMESP, descobriu a fraude. Com a descoberta,  foram abertas duas sindicâncias, uma para apurar os atendimentos feitos pela falsa médica, e outra para verificar todos os profissionais da instituição. Até quinta-feira cerca de 30 profissionais já haviam sido ivestigados e dentre eles, três foram identificados como suspeitos (Pablo e Natalia entre eles).

Segundo a Santa Casa, os nomes foram enviados para as autoridades, para o CRM e para a empresa responsável pela contratação destes profissionais. “A Santa Casa lamenta profundamente este episódio, vamos convocar todos os pacientes atendidos por estas pessoas para fazer uma reavaliação préviamente agendada. Pedimos que as pessoas não entrem em pânico pois todos serão atendidos particularmente”, completa Sidney.

Uma ação parecida está sendo tomada pela prefeitura de Mairinque, que em nota, afirma que também iniciou a apuração dos fatos e que também irá convocar as pessoas atendidas por falsos profissionais para realizar uma reavaliação médica. Medida que também deve ser tomada por todos os municípios por onde a quadrilha passou.

O esquema utilizado pela quadrilha

Mas fica a pergunta: Sendo que alguns destes médicos atuaram na área da saúde por meses, Cibele  realizou 12 plantões em Alumínio e trabalhou por pouco mais de 60 dias em São Roque, como a quadrilha agiu por tanto tempo impune? A resposta ainda está sendo investigada pelas autoridades, mas parece indicar para um grande esquema, envolvendo falsificação de documentos.

A empresa responsável por contratar estes médicos, para atuarem nos hospitais, bem como pela prestação de serviços médicos em municípios da região é a Innovaa – Gestão em Saúde e Medicina Ocupacional Ltda, localizada em São Roque. Quando questionada sobre como o assunto, a empresa afirmou que “as contratações de prestadores de serviços médicos sempre se deram com base na apresentação dos documentos pessoais e do registro do profissional no Conselho Regional de Medicina – CRM”.

Apenas ao passar por esta avaliação é que o profissional é levado para o hospital, onde o mesmo procedimento é realizado. Segundo Sidney quando os profissionais foram apresentados, estes apresentaram uma série de documentos, como carteira de habilitação, carteira do Conselho Regional de Medicina e até mesmo diploma de medicina, dados que foram pesquisados pela entidade. “Todo profissional que aqui chega, tem seus antecedentes pesquisados no CREMESP, porém até pouco tempo o site do órgão não disponibilizava a foto do médico cadastrado, apenas seu nome, dados cadastrais e a situação do mesmo, informações que estavam em ordem em nossa primeira consulta”, afirma.

Os documentos passaram despercebidos e a consulta do Conselho regional de medicina também não deu resultado, pois os médicos Pablo Vinício Tomaz, Natalia Mejias e Cibele Lemos realmente existem e constam como ativos no site do CREMESP. Apenas a identificação por foto, que passou a ser obrigatória no início do mês e uma investigação aprofundada revelariam os falsos médicos. Se aproveitando desta brecha, os falsários se apropriaram com documentos falsos de médicos recém formados e que tinham características físicas similares, para forjarem documentos falsos. A falsificação se estende até mesmo a bancos, já que o pagamento de Cibele era depositado em uma conta bancária de nome Cibele Lemos Silva, o que indica que a farsante utilizava uma conta bancária falsa. A verdadeira médica Cibele Lemos, foi localizada e negou envolvimento no caso.

Conhecimento em medicina

Os falsos médicos também passavam despercebidos pois aparentemente eram formados na área e provavelmente se formaram no exterior antes de atuarem no Brasil. Um dos fatos que comprova esta hipótese é que em não houve relatos de erros médicos ligado aos falsários durante o tempo em que atuaram. Em depoimento sobre o caso, o Diretor de Saúde Sandro Rizzi afirmou que chegou a conhecer Natalia e que esta não levantou suspeitas. “Ela tem alguma formação com certeza, pois sabia do que estava falando”, afirmou o diretor. Segundo Sandro, a Prefeitura de São Roque também está fazendo uma auditoria interna para avaliar o caso.

Segundo  Rizzi, mesmo que as fotos passem a fazer parte obrigatória do registro de medicina, o Conselho Regional terá que encontrar meios de inibir esta pratica, que provavelmente será descoberta em outras partes do Brasil.

As autoridades continuam investigando o caso, apurando não apenas os falsários, mas também todos os possíveis envolvidos neste crime que afetou a saúde de toda a região. Segundo a Delegacia de Mairinque mais detalhes serão divulgados em breve.

 


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