24/04/2015 às 09h33min - Atualizada em 24/04/2015 às 09h33min

Família enfrenta drama para cuidar de filho autista

Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: Reprodução / Faceboook
Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: Reprodução / Faceboook

Uma família são-roquense tem enfrentado inúmeras dificuldades para cuidar de seu filho, portador de Autismo. Maurício entrou na vida de Miriam Barbosa Cassimiro muito cedo, quando foi adotado com pouco mais de um ano de vida, porém sua condição especial somente foi sentida pela família anos depois.

 “O Maurício sempre foi especial, mas nós não sabíamos que ele tinha Autismo. Descobrimos realmente em 2009, ao consultarmos a Dr. Cláudia Antila, que é especialista neste transtorno de desenvolvimento, que nos informou que ele tinha o Autismo”, afirma Miriam. Segundo a mãe do rapaz, que agora tem 36 anos, a demora em se constatar o Autismo se deve a própria dificuldade em se diagnosticar o transtorno, pois não existem exames específicos que o detectem, sendo que o mesmo só pode ser diagnosticado com acompanhamento de profissionais especializados.

Infelizmente a condição do filho envolve ataques muito violentos, que começaram aos 17 anos e que com o tempo se tornaram freqüentes e cada vez mais perigosos, por conta do porte físico de Maurício. Durante estes episódios ele chegou a quebrar diversos utensílios de sua casa, chegando ao ponto de agredir aqueles que o rodeiam, principalmente seus pais, que hoje com idade avançada não tem condições de conter estas crises. Tendo que lidar com esta situação, a rotina da família mudou completamente e com o tempo foi necessário mudar de casa e decorar a nova residência com poucos objetos, para que o filho não os quebre. “Ele foi piorando cada vez mais, nos agredindo e quebrando tudo. Todos os nossos vizinhos e amigos são testemunhas de que ele se torna agressivo”, comenta a mãe.

Porém os ataques afetam Maurício mais do que todos, já que ele é o principal alvo de suas agressões, fato que já o levou ao hospital em diversos momentos.  As internações vieram com o tempo, porém muitas clínicas não têm a estrutura para cuidar de portadores de autismo e em 2014 a clínica onde estava foi fechada devido a acusação de maus tratos. Chocada com a situação enfrentada pelo filho na instituição, porém incapaz de lidar com sua condição, a mãe passou a buscar um local onde seu filho pudesse ser cuidado por profissionais qualificados.

Uma busca difícil por conta da maneira como estas instituições de tratamento têm sido vista nos últimos anos. Segundo o Diretor de Saúde de São Roque, Sandro Rizzi, existe um movimento antimanicomial de abrangência internacional e a regional de Saúde de Sorocaba, ao qual pertencemos, foi a última a aderir a este movimento. Assim, o número de instituições que tratavam de pessoas com transtornos diminuiu consideravelmente.  Segundo o médico, isto ocorreu porque muitas famílias simplesmente enviaram seus membros para estas instituições para evitar conviver com a enfermidade, resultando em um número recorde de pacientes e uma comoção internacional que obrigou o Ministério Público a fechar progressiva e radicalmente os leitos psiquiátricos.  “Hoje não temos onde internar pacientes em surto por período prolongado”, completa.

Instituições próprias para o cuidado de pacientes com distúrbios mentais passaram a ser financiados pelo Governo Federal, que financia municípios que apresentem um projeto integrado para a construção de um instituto em suas regiões, procedimento que tem caminhado de forma muito lenta.  “A RAPS desta regional foi desenhada, porém praticamente não chegou recurso do Ministério da Saúde, ao mesmo tempo em que temos grande dificuldade de contratação de profissionais devido ao limite imposto pela lei de responsabilidade fiscal, ou seja, esta se fechando leitos psiquiátricos muito mais rápido que a implantação da atenção adequada aos pacientes em sofrimento mental”, frisa o Dr. Rizzi.

Atualmente Mauricio se encontra em uma instituição que pode cuidar de suas necessidades, entretanto as despesas têm sido altas e incompatíveis com a condição financeira da família, que espera que em um futuro próximo o filho possa permanecer em uma instituição financiada pelo Governo. A pedido do Judiciário, o rapaz irá passar por uma avaliação especializada, que irá emitir um parecer afirmando se este pode ser tratado em casa ou se seria melhor permanecer em uma instituição paga pelo Estado.

A família espera que, com o laudo, Maurício possa permanecer em um local onde suas necessidades possam ser atendidas. “Cuidamos dele o melhor que podemos, estamos nos virando para pagar as despesas da instituição onde ele se encontra, mas acreditamos que o Governo deve cuidar de seus cidadãos especiais”, afirma Miriam.


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