23/02/2015 às 15h42min - Atualizada em 23/02/2015 às 15h42min

Ex-atleta Fernando Scherer concede entrevista exclusiva ao JE

Da Redação - Foto: Gabriele Pinho
Da Redação - Foto: Gabriele Pinho

O ex-atleta e nadador olímpico Fernando Scherer, conhecido como Xuxa, foi o convidado especial da última edição do Sesc Verão 2015, realizado no dia 22 de fevereiro, no Grêmio União Sanroquense. Durante o tempo em que ficou no clube, onde conversou com o público sobre sua trajetória na natação e as lições que aprendeu com o esporte, o atleta concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal da Economia. Confira um trecho desta conversa, que pode ser acompanhada na integra através do canal do Jornal da Economia no YouTube.

Qual a sua participação nesta edição do Sesc Verão?

Vim falar sobre o evento e um pouquinho da minha trajetória. A intenção é conversar um pouco e mostrar as lições de vida que aprendi com o esporte, mas que se aplicam a todos, seja para as crianças, quem esteja estudando ou construindo uma carreira. É importante saber das dificuldades que enfrentamos. Quando olhamos um atleta, por exemplo, geralmente se vê a pessoa em um momento feliz, com uma medalha e celebrando, o que talvez faça parecer que aquilo foi fácil.

Veja a prova dos 50 metros, é a distancia de uma piscina oficial e pode parecer simples atravessá-la em 22 segundos, mas existe todo um processo e treinamento necessário para isso, que envolve também o desgaste e muitas vezes também dúvidas e lesões. Vim falar um pouco sobre isso.

Então está palestra não é apenas para os esportistas?

É um grande bate papo, onde abro o coração e divido minhas experiências. É algo que serve para todo mundo por ser um assunto muito amplo. A natação é um “pano de fundo”, na verdade, pois as pessoas se identificam com o que passei, seja dentro da sua própria casa, na escola, no trabalho e claro, no esporte. São minhas vivências e aprendizados, onde cada história tem uma lição muito forte que tive com a vida esportiva, seja com grandes ou nenhum resultado, pois aprendemos com a vitória e também com a derrota, esta foi a lição que aprendi com o esporte.  

Quais foram as principais barreiras que você enfrentou em sua vida esportiva?

A primeira é o patrocínio, que no Brasil é uma coisa complicada, então já começa na parte financeira, onde o atleta precisa batalhar por um sonho, muitas vezes sem uma verba. Eu fui afortunado e tive meus pais que me apoiaram e incentivaram o tempo todo, me levando e buscando dos treinos, muitas vezes pelas madrugadas. Meu pai acordava cedo e me levava e quando ele não podia meu treinador me buscava.

Mas também tem as dificuldades do dia a dia, com uma lesão, uma dor no ombro ou mesmo uma doença. Mesmo quando se chega ao número um do mundo existem barreiras a serem superadas, pois você precisa continuar a buscar objetivos, mesmo que seja continuar sendo o número um sabendo que o resto do mundo quer a sua colocação. Então é preciso sempre buscar forças dentro de você para continuar, mesmo sabendo que os desafios são cada vez maiores.

Como você avalia o Brasil hoje na natação?

A natação nacional está muito bem representada, mas há espaço para melhorar muito mais. Acho que com a proximidade que uma olimpíada no Brasil trás, há lugar para mais investimento e incentivo para os atletas e acredito que vão surgir novos ídolos do esporte. Hoje nós temos Cesar Cielo, Thiago Pereira, Etiene Medeiros, Felipe França, Felipe Lima, Matheus Santana e com eles e outros acredito que o Brasil possa conquistar muitas medalhas na natação durante as Olimpíadas. Espero que haja apoio para a natação e outros esportes e que eles continuem no futuro, pois para muitos o esporte é uma chance de mudar de vida e construir sua trajetória.

Quais benefícios você acha que as Olimpíadas de 2016 podem trazer para o esporte no Brasil?

As Olimpíadas são a maior competição do mundo. Um campeonato deste porte realizado aqui oferece condições para atletas que não teriam condições de participar de uma disputa deste porte, que é realizado em outros países por conta dos custos envolvidos. O povo brasileiro também terá a chance de acompanhar um evento internacional acontecendo em seu país e acho que isso também muda a torcida, pois cria um espírito de união. Isto da oportunidade para que os jovens comecem a conhecer e praticar outras modalidades esportivas, além do futebol.

O que você falaria para os atletas que estão iniciando na natação?

Tenha muito amor pelo que está fazendo. A natação serve não apenas para a competição mas para a saúde também, já que eu mesmo entrei no esporte por acaso, porque tinha bronquite e asma, as medalhas vieram depois. Ele garante e qualidade de vida e te permite chegar em casa com mais disposição para desempenhar outras atividades na sua vida. Qualquer esporte é benéfico em todos os aspectos e a um diferencial no caso da natação, pois ele não tem lesão, então ele serve para todas as faixas etárias, da criança ao idoso. Quem quiser levar a natação profissionalmente, eu digo siga em frente pois não é fácil, mas vale a pena.

Nesta sua trajetória, tão positiva para o esporte nacional, o que você falaria para as pessoas que estão lendo esta entrevista?

Não desista de um sonho. Acredito que mesmo que se faça algo com muito amor e dedicação, sempre existem momentos de dúvida, onde você pensa em desistir e que esta cansado. Nada vem fácil, mas quanto mais difícil o processo para se alcançar um sonho, mais valor você dá a ele. Treinar para uma olimpíada, por exemplo, demora quatro anos e neste tempo você passa por altos e baixos em quase todos os dias, pois a cada treinamento é uma nova experiência. Mas é necessário confiar em si mesmo e continuar lutando sempre, sem nunca desistir dos seus sonhos.


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