29/08/2014 às 09h23min - Atualizada em 29/08/2014 às 09h23min

Acusado de atropelar e matar idoso é condenado a 14 anos por Júri Popular

Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: Rafael Barbosa
Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: Rafael Barbosa

Hilton Bezerra dos Santos foi condenado a 14 anos de prisão por atropelar e matar o aposentado Ácacio de Almeida, na época com 81 anos. O crime ocorreu no dia 24 de agosto de 2013, na Rua das Papoulas, no bairro Vila Mike, quando no dia em questão, Hilton estaria conduzindo a caminhonete que invadiu a calçada e atropelou o aposentado, que chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. O BO da ocorrência foi registrado como “homicídio doloso”, pois segundo às primeiras provas levantadas pelas autoridades,  o motorista estaria dirigindo sob efeito de álcool.

O julgamento foi presidido pelo juiz Dr. Flávio Roberto de Carvalho e aconteceu na terça-feira do dia 26 de agosto, no Fórum de São Roque, sendo a primeira vez na história jurídica do município onde um motorista é julgado por um júri popular em decorrência a um homicídio no trânsito. Pouco antes do julgamento o clima no local era de expectativa, tanto pelos familiares do réu, que não quiseram se pronunciar no momento, quanto para os da vítima. “Nós esperamos que a justiça seja feita”, afirmou a neta do aposentado, Caroline de Almeida.

Quando o julgamento começou, a promotoria, representada pelo Dr. Washington Luiz Rodrigues Alves, convocou suas duas testemunhas; o PM presente na ocorrência, Rafael Rosino kauling e uma das netas da vítima, Jaqueline Cristina de A. da Cardoso. As duas testemunhas foram inquiridas sobre o que aconteceu no dia do crime e se realmente o réu estava bêbado durante o evento. Logo depois foi a vez da defesa chamar suas testemunhas, já que Alan Maxwell Gomes da Silva não compareceu ao local para prestar depoimento. Francisco Isquierdo de Oliveira e Paulo Florencio falaram sobre o caráter de Hilton e sobre o seu trabalho na empresa de marmoraria em que atuava como motorista acabador.

Após as testemunhas, foi o momento do réu ser chamado. Hilton alegou que na hora do crime estava atendendo um celular, que caiu, e quando foi apanhá-lo acabou perdendo momentaneamente o controle do carro, que foi em direção a um poste. Ao desviar do poste o réu teria acertado o aposentado. Também alegou não ter bebido no dia e que não aceitou fazer o teste do bafômetro para que os policiais o levassem para um teste de sangue no hospital, retirando-o do local onde os parentes de Ácacio estavam se reunindo.

Ao ser confrontado pelo juiz e o promotor com relação ao laudo médico, que diziam que ele estava bêbado no dia,  o réu ainda manteve sua posição e afirmou que nenhum exame foi feito. Durante sua declaração, afirmou que nunca chegou a ver o aposentado até o momento do impacto, afirmando que se o tivesse visto “teria jogado o carro contra o poste, pois antes bater o carro do que atingir uma pessoa”.

Depois que todas as testemunhas prestaram os seus depoimentos, foi a vez da promotoria apresentar suas considerações ao júri, composto de sete pessoas. Dr. Washington Luiz apresentou uma acusação enérgica, tentando convencer os presentes de que o réu não ligava para as conseqüências de suas ações no dia do crime, ao dirigir completamente embriagado e durante o horário de trabalho. Alegou que os testemunhos do réu eram incongruentes, pois em depoimento anterior este havia alegado que simplesmente havia perdido o controle do carro ao fazer uma curva.

Foi questionado a veracidade sobre a existência do celular, que nunca foi encontrado e cujo número ninguém, nem mesmo o réu, sabe, afirmando que o acusado simplesmente não tinha nenhum valor pela vida humana. O promotor enfatizou a perda irreparável da vida de Ácacio, salientando as virtudes da vítima, que viveu toda uma longa vida produtiva e familiar. “Um homem de 85 anos de vida, que Deus lhe deu e que este assassino tirou”, afirmou aos brados.

A defesa se baseou na índole de Ilton para montar sua estratégia de defesa, tentando convencer o júri de que o réu era uma pessoa decente, um trabalhador e pai de família, que cuidava também da irmã, que acabou em uma cadeira de rodas por conta de um atropelamento. Apontou supostos erros nos autos, que tiravam completamente a credibilidade do processo, como contradições nos depoimentos das testemunhas de acusação e até mesmo do laudo médico, que teria uma assinatura diferente da que supostamente deveria ser do réu.

Afirmou que Hilton nunca teve tempo de realmente se defender, chegando a ser agredido pela neta da vítima em determinado momento e tentando convencer o júri de que este nunca desprezou a vida humana. “Quem esta sendo enfatizado aqui é o homem que morreu, mas assim também esquecemos que este homem (o réu) existe. Ele não é bandido, é um trabalhador”, afirma.

Os debates entre defesa e promotoria duraram mais de quatro horas e foram acalorados. Os espectadores presentes no julgamento se manifestaram algumas vezes mas em apenas um momento foi necessário a intervenção do juiz. Ao final do julgamento, a maioria dos jurados chegou à conclusão de que Hilton Bezerra dos Santos estava embriagado enquanto dirigia e que assim, assumiu o risco de cometer o crime. Sendo assim, o Juiz, Dr. Flávio Roberto de Carvalho sentenciou o acusado a 14 anos de prisão em regime inicial fechado.  O advogado de defesa, Glauber Bez, já afirmou que irá recorrer da decisão do júri.

Na saída do tribunal, Ailton Santos, o pai de Hilton, e o filho de Acácio, Acácio Luiz de Almeida, conversavam sem qualquer tipo de agressividade e consolaram-se um ao outro. “Ele cometeu um erro e agora vai servir de exemplo” afirma Luiz, ao comentar que não importa o resultado, seu pai não vai voltar. “É uma situação que machuca a todos, a família de uma amigo que morreu e que eu conhecia, mas também a mim, que tenho que visitar meu filho na cadeia”, comenta Ailton

Segundo o Juiz, Dr. Flávio, este foi um caso complexo, mas que funciona como exemplo não apenas para a cidade de São Roque, mas para o Brasil. “Aqui em São Roque tem lei, aqui a coisa funciona. Não se admite que seja feita coisa errada e para isso nós precisamos da população do nosso lado”, salientou em seu discurso após a sentença.


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