15/08/2014 às 09h55min - Atualizada em 15/08/2014 às 09h55min

Zé do Nino fala sobre a tradição presente na Festa de Agosto

Da Redação: Rafael Barbosa - Fotos: Rafael Barbosa
Da Redação: Rafael Barbosa - Fotos: Rafael Barbosa

O Desfile dos Carros de Lenha é uma das peças fundamentais das Festas de Agosto e não apenas porque ele abre o calendário festivo do evento, mas também porque ele evoca toda a história e tradição de São Roque. Um desfile que acontece há 133 anos e que se tornou uma das grandes atrações das festas por conta dos carros alegóricos que o acompanham.

Alegorias que tem o objetivo de homenagear diversos aspectos da cidade e que se tornou tão tradicional quando seu organizador, o senhor Zé do Nino. Um senhor de cabelos brancos e fala firme, que abriu um espaço em sua agenda ocupada do mês de agosto para conversar conosco sobre como sua história se confunde com a história da entrada dos carros de lenha.

Zé acompanha as festas desde pequeno e ao longo da vida já ajudou na sua organização de várias maneiras, porém sua participação com os carros alegóricos começou em 85, quando os festeiros quiseram trazer algo diferente ao evento. “Tivemos a idéia de construir dois carros alegóricos retratando uma casa de sitio e como sempre gostamos de trazer crianças para as festividades, as colocamos crianças vestidas a caráter nos carros, com cestas de flor e frutas, representando o sitiante que vinha e trazia prendas para São Roque e ajudar nos festejos", afirma.

A idéia agradou e com o tempo o desfile cresceu e vários temas passaram pelas ruas da cidade, que encontrou nos carros uma maneira de homenagear não apenas seu lado religioso, mas também sua história e seu lado mítico, afinal agosto também é o mês do folclore. A história do padroeiro da cidade, a libertação dos escravos e a visita da família real a São Roque foram apenas alguns dos assuntos tratados no desfile, que este ano voltou ao tema religioso. “Este ano os festeiros sugeriram fazer um tema mais religioso então decidimos homenagear Nossa Senhora. Mas vamos fazer mais do que isso, pois vamos fazer uma narração sobre a trajetória de Maria de Nazaré, apresentando o lado humano de nossa senhora, pois é algo que nos trás para mais perto dela", falou ao comentar que as fazes mais importantes da vida da santa serão retratadas em 10 cenas.

Zé se empolga ao falar sobre os festejos ao comentar sobre a importância da tradição das festas, ele fala sobre a da figura do festeiro, comentando que esta também é uma tradição que segue a diante ao lembrar que os pais e avós do atual festeiro, Alexandre Marques, também já organizaram os festejos. Sua própria família também é parte desta tradição, já que ele mesmo foi festeiro em 1989 seguindo o legado de seus avós, que exerceram a função em 1904 e de seus pais 20 anos depois.

A tradição do evento claramente encanta o homem, que fala sobre a sua importância para a cidade. "As festas de agosto são muito importantes para o são-roquense e para aqueles que adotaram a cidade como sua terra. Ela é uma grande referencia”, afirma ao comentar também dos grandes artistas e pessoas que foram essenciais para a festa como Vasco Barioni e Lucindo Lima e o avó do Festeiro Alexandre. “Antigamente tinham muito artistas na região, pessoas que sabiam fazer as coisas, o Lucindo era uma preciosidade e eu ainda hoje tenho coisas deles, moldes que guardei e que ainda hoje e é como se eles ainda hoje me ajudassem".

Infelizmente para Zé tem se tornado muito difícil manter esta história viva, já que o número de artistas tem ficado menor a cada ano, pois segundo ele a nova geração tem perdido o prazer pelo trabalho artesanal que é tão importante para se preparar os carros. Porém isto não o entristece, pois acredita que tudo na vida é cíclico e que as tradições somem por um tempo apenas para voltar mais fortes no futuro. "As pessoas vão tomando consciência do que é bom, do que vale a pena e acabam voltando", termina.


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