29/08/2017 às 15h26min - Atualizada em 29/08/2017 às 15h26min

Nova imunoterapia reaviva esperança de brasileiros com câncer de pulmão avançado

Teste gratuito auxilia na identificação precisa de pacientes com melhores chances de sucesso no tratamento com pembrolizumabe

Este ano devem ser registrados no Brasil 30 mil novos casos de câncer de pulmão, o mais comum e letal de todos os tumores malignos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Segundo a entidade, somente em 2015, a doença foi responsável por 23.762 mortes.

Mas esse prognóstico começa a mudar, pelo menos para os pacientes com câncer de pulmão do tipo não pequenas células (CPNPC) avançado. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a imunoterapia da MSD, pembrolizumabe, como primeira opção terapêutica para pacientes com esse tipo de tumor, com base em estudos clínicos que comprovaram a superioridade do medicamento em relação ao tratamento padrão, a quimioterapia.Considerado o que há de mais avançado na medicina no tratamento do câncer de pulmão do tipo não pequenas células avançado, pembrolizumabe oferece significativo aumento de sobrevida global. A imunoterapia – medicamento que estimula o sistema imunológico a detectar e a combater o tumor – é indicada para o tratamento de pacientes com expressão elevada do biomarcador PD-L1 (?50%) no tumor e sem alterações genéticas dos genes EGFR e ALK, e para pacientes previamente tratados em que expressão do biomarcador PD-L1 seja >=1%.

Tratamento personalizado

A PD-L1 é uma proteína que, de acordo com seu grau de expressão, indica se os pacientes têm mais chance de obter resultados expressivos com a imunoterapia anti PD-1 pembrolizumabe. Utilizado para determinar a expressão do biomarcador PD-L1 no tumor, foi disponibilizado o programa PD-Point, que auxilia na identificação do tipo de câncer e na consequente personalização do tratamento.

“Submeter um paciente com câncer de pulmão avançado a uma terapia sem ter informações sobre a expressão do biomarcador PD-L1, é deixar de oferecer o melhor e mais avançado tratamento disponível”, explica a Dra. Clarissa Mathias, oncologista, presidente do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e presidente da América Latina da Association for Study on Lung Cancer (IASLC), considerada a maior instituição para o estudo do câncer de pulmão.

O teste é gratuito e destinado a todos os pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células avançado. O exame deve ser solicitado pelo médico. O ideal é que o teste seja realizado logo após a confirmação do diagnóstico e/ou junto com a testagem dos outros biomarcadores de pulmão, como EGFR e ALK.

A personalização do tratamento, além de aumentar as chances de sucesso de o paciente obter resultados expressivos, possibilita que os recursos da saúde, pública e privada, sejam alocados de forma mais sustentável, uma vez que identifica com precisão se o paciente está apto a ser tratado por medicamentos de ponta.

Aumento de sobrevida global renova esperança de pacientes

Pembrolizumabe é a primeira e a única imunoterapia com comprovado benefício de sobrevida global com indicação aprovada para a primeira linha de tratamento do câncer de pulmão avançado do tipo células não pequenas.

A aprovação em primeira linha teve como base o estudo de fase III, fortemente positivo, KEYNOTE-024, que demonstrou benefício clínico significativo de pembrolizumabe, na dose de 200mg a cada três semanas, comparado com a quimioterapia, que tem sido o padrão de tratamento por décadas. Os principais resultados do estudo mostraram que 80% dos pacientes do grupo tratado com pembrolizumabe permaneceram vivos aos seis meses de tratamento, em comparação com 70% do grupo da quimioterapia3 .

No geral, aqueles que receberam a imunoterapia anti PD-1 da MSD reduziram em 50% o risco de progressão da doença e em 40% as chances de morte por qualquer causa quando comparados ao grupo de terapia padrão com quimioterapia. Além disso, quase metade (45%) dos pacientes que utilizaram pembrolizumabe obteve alguma resposta ao medicamento, seja parcial ou completa, enquanto apenas 28% dos pacientes tratados com quimioterapia apresentaram estes tipos de resposta.

Tabagismo no Brasil

O surgimento do câncer de pulmão está intimamente associado ao tabagismo, podendo ser prevenido em 90% dos casos. O Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes (7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens). De acordo com informações do Vigitel, levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, a política de controle do tabaco, conseguiu reduzir em 35% a prevalência de fumantes nas capitais brasileiras nos últimos 10 anos. A pesquisa, realizada em 26 capitais e Distrito Federal, apontou a queda no percentual de 15,7%, em 2006, para 10,2%, no ano passado. Entre aqueles que fumam 20 cigarros ou mais por dia a prevalência, também, foi decrescente. Caiu de 4,6% em 2006 para 2,8% em 2016. A pesquisa também verificou a questão do fumo passivo. No total de capitais, a prevalência de fumantes passivos no trabalho também caiu de 2009 (12,1%) a 2016 (7,0%). Segundo o levantamento, a frequência de fumantes no país é menor antes dos 25 anos de idade ou após os 65 anos.

De acordo com um levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), cerca de 428 pessoas morrem por dia, devido ao uso do tabaco resultando em aproximadamente  160 mil mortes ao ano no Brasil. O tabaco é um fator importante no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares, gerando gastos de aproximadamente R$ 39,4 bilhões ao ano para o sistema de saúde brasileiro2.


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